quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Nó da gravata" - Cintura




Uma luz que se acende
Ilumina um vazio
Um silêncio que se prende
Só se prende, por um fio
Acabaste de dizer
“amor até já…”
Cuidado essa palavra morre
Ou nasce logo de manhã

Gravata cor de vermelho escuro
Escolho esta, mudo ou não mudo…

Não faças por fazer
De ti o meu mundo
Vais perceber
Não te vou contar num segundo

O Malandro
Corre pela calçada malandro
Para que ninguém o veja,
Esconde-se na sombra, assim seja
Fiz, a mesma coisa para te ver
Enquanto não te podia ter
Por mim estás á vontade
Igual fiz na tua idade

Gravata cor de vermelho escuro
Escolho esta, mudo ou não mudo…

Não faças, por fazer
De ti o meu mundo
Vais perceber
não te vou contar num segundo
Tanto por dizer
Ficou tanto por falar
nó da gravata
que só tu sabes dar

sábado, 3 de abril de 2010

Como?

Como a noite assim caiu
Como eu assim me corri
Foi de luar e estrelas que viu
Negra esteve e nem senti

"Hoje quem?" - Nuno Prata


Videoclip de Hoje quem? do álbum Todos os Dias Fossem Estes, Todos os Dias Fossem Outros - Realizado por Daniel Neves

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já é manhã mas esta noite ainda não passou.

Que força tenho quando me tenho só a mim,
de quem mais eu preciso para respirar?
A minha cara faz-me sempre lembrar alguém…
E os meus olhos são de quem?

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha carne
e que sonhos roubou
na madrugada de um dia que já passou?

Todo o tempo é tempo de acreditar.
Mas tanto tempo já passou
sem que a fé encontrasse em mim lugar…
(Estava sempre onde eu não queria estar.)

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já estou a pé e o dia ainda nem chegou…

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Anti-Herói" - Valete


Los que le cierran el camino a la revolución pacífica, le abren al mismo tiempo el camino a la revolución violenta

Só se pode fazer isto uma vez

Eu cresci trancado num quarto com livros de Marx e Pepetela
Alimentado por parágrafos de Nélson Mandela
Foi esta a fonte do ódio que agora já não escondo
Este é o som que eu inalei na voz de Zeca Afonso

Ninguém me separa deste Guevara que eu tenho em mim
E podes ver na minha cara a raiva de Lenine
Eu choro este sangue que devora o espírito
E choca os mais sensíveis, e torna-me um monstro como Estaline

Valete a.k.a Ciclone Underground, nigga
O filho do bastardo da vossa opressão, nigga
Eu tenho nos meus olhos a cor da insurreição, nigga
Sou como Malcom-x com o microfone na mão

Eu desenterro vítimas de genocídio capitalista
E levo mais comigo para a rebelião
Eu sou o primeiro a marchar para esta revolução
Tu és o primeiro a bazar na hora da intervenção

Eu vim para ressuscitar Lumumba, Ghandi e Arafat
E os nossos homens de combate através desta canção
Pai, eu tatuei no meu peito a Tua imagem
Para respirar através dela a Tua batalha e a Tua coragem

Hoje eu trago nos meus braços a Tua alma e a Tua mensagem
E as escumalhas não sabem que jamais irão levar vantagem
Nós vestimos a farda de Xanana
E levamos drama do terceiro mundo à casa branca

Desfilamos com a mesma gana que tropas em Havana
E com a resistência suburbana desta convicção cubana
Toma, esta ira psicopata deste filho de Zapata
Activismo de vanguarda é o registo de som

Eu trago a obstinação com que Luther King abalou
E a mesma solução todo o meu people sonhou
Eu sou aquele mundo novo que Bob Marley cantou
Esboço desse sofrimento todo meu povo guardou

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a Luta inspirou
No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará

Enquanto eu me enveneno com este rancor
Vou pondo balas no carregador para abater esses opressores
Esta é a missão dos peronistas, que eu assumi na hora
Com a determinação que herdei da minha progenitora

Ninguém pára a frente armada que eu comando agora
Combate a escória na alvorada como fez Samora
Eu trago nesta oratória a história dos filhos que
viram a morte inglória dos pais
E que hoje anseiam desforra

Na Palestina, no Cambodja, Vietname, Angola
No Iraque, Na Somália, Afeganistão e Bósnia
Esse é o grito desse mundo que chora e implora
Pela justiça dos homens porque já viram que Deus não acorda

Vítimas de quem fez de todo o mundo seu património
Da hipocrisia assassina do FMI e da ONU
É o povo anónimo cobaia de liberalismo económico
Que sai das amarras eufórico para combater o demónio

Eu sou aquele que vocês chamaram de fundamentalista
Quando eu disse que era um trotskista belicista
Posicionei-me assim contra a América imperialista
Aqui está o vosso kamikaze terrorista

Farto de vos ver sentados, manipulados
Por uma televisão que vos deixa impávidos e formatados
Asnáticos inconformados, fechados e enganados
Otarios e atrasados, inválidos e atordoados

Nós estamos do lado contrário nesta jornada cheia de gente angustiada
Traumatizada por um passado onde foram pisadas, martirizadas
Apedrejadas, excluídas, extorquidas, extropiadas
Cuspidas

Por uma brigada Desalmada de parasitas
Que devastaram arrasaram vidas
E agora vão pagar com a descarga
Desta entifada criada pelos homens que vocês flagelara
E sobraram com guerra para vingar aqueles que não ficaram

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou
No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará